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Channel: Rotary Club Araçatuba - Cruzeiro do Sul
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A mulher no Distrito 4470

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Hélio Consolaro*

Todos querem mudança, mas mudar outros. Poucos de nós queremos sair da zona de conforto do comodismo para realmente efetuar uma mudança em nosso próprio comportamento. Pôr tudo no automático gasta menos energia.

Machado de Assis já dizia que a hipocrisia é menos dolorosa e trabalhosa que a autenticidade. A resistência à mudança está no campo hipócrita: faz-se o discurso da mudança e pratica-se o tradicional. Não estou pichando este ou aquele segmento, trata-se de uma tendência do ser humano.

Vou focalizar o Dia da Mulher em nosso Rotary. Em  23 de fevereiro de 1905, o seu mentor Paul Percy Harris convidou três outros homens (Hiram Shorey, Silvester Schiele e Gustavus Loehr) para criar o Rotary. Nenhuma mulher foi convidada. Trata-se de uma circunstância histórica, em que a mulher era tratada como subalterna.

Apesar do bloqueio, a mulher, com seu jeitinho, foi pondo a sua cunha, buscando espaço, criando as entidades de senhoras rotarianas.  No Brasil, a primeira Associação de Senhoras de Rotarianos foi criada em 1938, pelo RC de Bauru. Hoje temos as casas da amizade, predominando nelas a visão ideológica de que a mulher é mera coadjuvante do homem.  

A presença de mulher no Rotary, como sócia, deveu-se a um ato de rebeldia do Rotary Club de Duarte, do distrito 5 300 da Califórnia, EUA. Em 1/7/1977, esse clube que tinha oito sócios, admitiu a revelia das normas de Rotary International (RI), três mulheres: Mary Lou Elliott, Donna Bogart (diretoras de escolas) e Rosimary Freitag (socióloga). Houve contendas judiciais, expulsão do clube de Duarte. A vitória judicial do RC norte-americano fez o RI reconhecer a presença das mulheres.  

Dessa forma, a partir de 1º de julho de 1989, a mulher adquiriu o direito de pertencer ao Rotary, decisão confirmada na Convenção de Seul, na Coréia do Sul, mas ainda encontramos resistência dentre os clubes do Distrito 4470 para que a mulher de rotarianos ou da sociedade em geral seja admitida como sócia. Em Araçatuba, a primeira foi a colunista social Odete Costa.

Vendo a Carta do Governador Osmar Francisco de Oliveira – Shiko – fevereiro de 2013 – Distrito 4470. Num universo de 75 clubes, temos 13 com nenhuma companheira, ou seja, quase 20%. Os demais disfarçam o seu machismo com a presença de 2 ou 3 mulheres.

Em 2007, quando fui convidado para ser rotariano pelo companheiro Delcyr Jesus Camilo, hoje, presidente do RCA Cruzeiro do Sul, não sabia que adentrava os umbrais de um clube revolucionário, que se atreveu em 1993 a ter predominantemente mulheres em seu quadro. Havia apenas um homem, como forma de cumprir as orientações do RI.

A porta do Cruzeiro do Sul posta à minha frente foi providencial. Não sei se ela me escolheu ou fui escolhido por ela. Gosto das ações renovadoras e radicais, porque nelas está o avanço da humanidade, portanto, me sinto feliz fazendo parte dessa jornada.

O Cruzeiro do Sul continua com número maior de companheiros do gênero feminino: 21 mulheres e 12 homens (dados da Carta do Governador, fevereiro, 2013). Mas felizmente, já não é único com tal característica no Distrito 4470, temos também: Cidade Amiga (Araçatuba), Cidade das Águas (Três Lagoas), P. Soares Centenário (Corumbá-fronteira). Quero destacar “Princesinha dos Ervais”, em que os 11 membros são mulheres, mas temos Ponta Porã Fronteira que tem 26 homens. Parece que por lá não há nas escolas classes mistas.   

Outros clubes estão a caminho, com o feminino crescendo: São Francisco (Campo Grande), Universidade (Campo Grande), Ribas do Rio Pardo, Guia Lopes da Laguna (Jardim), Nova Andradina, Água Boa (Dourados), Águia Dourada (Dourados), Guaycurus (Dourados).     

As mulheres dos companheiros do RCA Cruzeiro do Sul, por opção, se filiam como companheiras, temos vários casais assim, em que os dois são rotarianos. Isso demonstra nova concepção de mulher.

Dentre nós, o machismo é tão arraigado que a nossa companheira Leda Maria Cruz Geralde (Cruzeiro do Sul – Araçatuba) pretende ser governadora do Distrito 4470 há algum tempo, mas sempre o Colégio de Governadores inventam um obstáculo para não lhe entregar a governadoria. Fica aqui a pergunta de um neófito: para ser governador precisa ser maçom? Se a resposta for sim, a luta para se ter uma governadora será árdua.

Os tempos são outros, o machismo é um atraso. Embora o fundador Paul Harris tivesse sido maçom, o Rotary não pode se deixar influenciar por outras entidades, os tempos são outros. Clubes com resistência à participação feminina são os mais antigos, em que há predominância de companheiros maçons.

Assim, se o Rotary quer se modernizar, ampliar seus quadros sociais, “definindo a humanidade como nossa missão”, deverá implementar um programa para atrair novas sócias e, principalmente, compartilhar as atividades dos seus clubes com as esposas rotarianas. Este é o caminho apontado pelo RCA Cruzeiro do Sul. Assim, comemoraremos o Dia Internacional da Mulher com muito mais autenticidade.

*Hélio Consolaro é rotariano, Rotary Club Araçatuba – Cruzeiro do Sul, desde 2007. Classificação: jornalista. 

OBSERVAÇÃO: se houver alguma incorreção no texto, por favor, mande-me a correção pelo e-mail: conselio@gmail.com

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